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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Papel dos farmacêuticos na cedência de MNSRMO

Há uns anos que se tem vindo a assistir à "transformação" de medicamentos de prescrição médica obrigatória em MNSRMO (Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica Obrigatória). São o caso de alguns anti-inflamatórios, protectores gástricos e anti-alérgicos.

O incremento no número de substâncias com esta nova designação têm que responder a certos requisitos como terem provado a sua baixa toxicidade, serem cedidos em doses baixas e em quantidades pequenas. Mas há cada vez mais pressão para haver outras moléculas a "saltarem" para a frente do balcão das farmácias (Over The Counter - MNSRMO) e das parafarmácias.

A FDA vai fazer um inquérito público sobre o uso de tecnologias inovadoras e outras condições de segurança que permitam colocar mais medicamentos na categoria de MNSRMO (Using Innovative Technologies and Other Conditions of Safe Use To Expand Which Drug Products Can Be Considered Nonprescription).

Entre as condições de segurança está a intervenção obrigatória de um farmacêutico na cedência do medicamento.


Esta é uma oportunidade muito boa para as farmácias, excelente para as farmácias portuguesas e maravilhosa para os farmacêuticos.

Muito boa para as farmácias em geral porque aumentam o seu portfólio de substâncias que podem vender, excelente para as farmácias portuguesas porque  precisam de ter uma mais valia que as distinga dos locais de venda de MNSRM que não têm um farmacêutico ao balcão (a maioria?), e maravilhosa para os farmacêuticos que necessitam de razões de existir!

Mas isto ainda só vai em fase de consulta, nos States...




Medicamentos para baixar o colesterol

A FDA (Food and Drug Administration), equivalente norte-americana do nosso Infarmed, lançou ontem, dia 28,  a notícia de que vai obrigar alguns medicamentos usados para baixar os valores de colesterol (estatinas), a mudar os seus folhetos informativos (bulas), pois foram, entretanto, feitos mais estudos sobre o seu uso.

Os medicamentos são, com a denominação comum internacional: atorvastatina, fluvastatina, lovastatina, pitavastatina, pravastatina, rosuvastatina e sinvastatina, ou ainda associações como: lovastatina/niacina, sinvastatina/niacina e sinvastatina/ezetimibe.

Assim, os folhetos informativos devem passar a conter as seguintes informações:

-Os doentes devem notificar o seu médico assim que sentirem algum destes sintomas: fraqueza e cansaço pouco comuns, perda de apetite, dor abdominal, urina de cor escura, pele e olhos amarelos. São tudo sintomas de algum problema hepático;

- Foram reportados alguns efeitos relacionados com a capacidade cognitiva em doentes a fazerem estatinas. Os folhetos informativos devem agora incluir que os doentes podem ter episódios de esquecimento e confusão. Apesar de serem sintomas reversíveis com a suspensão do tratamento, devem ser reportadas aos profissionais de saúde;

- Um aumento da glicémia (açúcar no sangue) foi reportado com o uso de estatinas,  o que pode levar ao diagnóstico de diabetes tipo 2. Esta indicação não estava incluída na bula;

- No caso do medicamento Lovastatina, o perigo de interacções medicamentosas (com medicamentos para o tratamento da SIDA e alguns antibióticos e antifúngicos) está agora descrito no folheto informativo deste medicamento, pois pode causar lesões musculares graves (miopatias ou rabdomiolise)

Fale com o seu médico ou farmacêutico sobre estas novas indicações que, apesar de serem avançadas por uma instituição estrangeira, podem ser transpostas para o caso português, uma vez que estes medicamentos têm uma grande expressão no nosso país.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"Dream pills", animar a malta ou prejudicar a saúde?

Na imprensa deste mês, dei de caras com a publicidade, sob a forma de reportagem, de uma loja que abriu no Porto há alguns meses e que se chama Dream Pills.

Muito gira, a imitar uma farmácia de oficina, e que vende doces (gomas, pastilhas e chocolates).




Até aqui tudo bem, mas olhemos ao pormenor: uma loja que quer ser semelhante a uma farmácia, porque acha que as guloseimas são boas para o espírito, que as cede em embalagens que se assemelham às dos medicamentos e que ainda advogam indicações terapêuticas (apesar de engraçadas).

Repararam atentamente no vídeo? A loja estava cheia de crianças, que até se podem achar mais crescidas por tomarem medicamentos como os pais. Elas sabem bem a diferença...até que ponto? A Apsi deve ter achado muita piada!

Por ser farmacêutica e ter tido sempre muito cuidado com a presença de medicamentos em casa (filhos pequenos) devo dizer que este conceito de loja não é muito feliz. Que tal uma florista de doces? Bouquets de Pintarolas eram bem mais bonitos. Ou cestas de fruta fresca?

Mas se querem tanto assemelhar-se a uma farmácia, que tal oferecerem pastas e escovas de dentes para usar no fim de tanta gulodice?